Alguém disse que comprou este livro na Feira do Livro porque a livreira afirmou que tinha sido escrito por um anjo de tão perfeito. Eu ouvi aquilo e fiquei a pensar no meu exemplar em casa a ganhar pó. Mas estava guardado para o momento ideal. Foi agora. O livro estava à minha espera também. Nada me preparou para esta história.
Sabemos à partida que Elias está de luto, mas ainda não fazemos ideia do resto da história. Somos completamente apanhados de surpresa. A história é costurada pelas mãos do escritor com camadas, em pequenos diversos episódios que complementam cada pedaço anterior. De forma corrida, não dá para largar este livro sem respirar fundo. Também o protagonista está atravessar um processo de luto, daí o escape para a ilha totalmente sozinho. Talvez não queira estar sozinho, talvez queira encontrar nos outros quem perdeu.
Mais do que uma história sobre a forma como perdemos as pessoas que mais amamos é um livro sobre empatia. Numa ilha as pessoas revelam-se, entregam-se a afectos. Deus parece ser o escape num meio do caminho, a busca por uma fé desajustada. As relações estreitam-se, escapam por entre os dedos, passamos a vida com medo de perder. A nossa tristeza é fruto de quem perdemos ao longo da vida? Numa ilha queremos fugir mas não temos mais do que a natureza, o silêncio e a própria solidão.
Nota-se ligeiras influencias de grandes obras e autores. Borges está por todo o lado, a grande baleia Moby Dick também. Reconheço o gosto pessoal do escritor porque já o ouvi falar nestas obras como sendo as suas preferidas. Ao desejar escrever algo diferente, parece-me que desta vez encontrou a sua voz. Não conheço todos os seus livros, mas este supera o que conheci. Há uma evolução imensa na narrativa. Um livro que diz mais quando não diz tudo e nos faz principalmente sentir. Aquele final. Chorei tanto.
Este livro tem camadas de tristeza resolutas em pensamentos melancólicos. Provoca e incomoda. Marca, sobretudo lido no momento certo. Foi o meu caso. Preciso do segundo volume urgentemente.
Fiquei com muita vontade de o ler!!
Apesar de já considerar este livro perfeito, é no último da trilogia que dás por ti a perguntar “como é que é possível alguém ter conseguido fazer isto com todas estas pequenas e maravilhosas ligações?”
Fico muito feliz por teres gostado, deu-me vontade de o voltar a ler 🙂 Todos os dias olho para a trilogia guardada na estante.
Beijinhos
Olha fiquei curiosa 🙂 O teu texto está tão linda que não dá para não gostar do livro.
A trilogia está minha lista de desejos. Tenho esperança que me calhe no sapatinho pelo Natal 🙂